Conferência de abertura da Rio Climate Action Week reune nomes relevantes no debate climático
Receba as matérias do
Jornal Agito pelo WhatsApp
(grupo sem interação, só o administrador pode postar)
A Conferência de Abertura da Rio Climate Action Week (RCAW) aconteceu nesta segunda (25/08), no Museu do Amanhã, reunindo autoridades do debate climático. Foi um dia produtivo com mais de 30 nomes relevantes para a agenda ambiental no mundo, entre eles quatro campeões de alto nível da COP, um vencedor do Prêmio Nobel, lideranças indígenas, representantes de movimento sociais, grandes empresas, instituições e da SB COP – mostrando o engajamento do setor privado com o tema.
O dia começou com as boas-vindas de Ricardo Piquet, diretor geral do museu, e os coorganizadores da RCAW, Dr. Marcelo de Andrade e Malini Mehra, seguido pelas bençãos dos líderes indígenas Marcos Terena e Álvaro Tukano, que trouxeram a herança cultural e espiritual dos povos tradicionais para o palco enquanto sinalizam a urgência de um movimento de global de solidariedade.
Mensagens de apoio também vieram de Gonzalo Muñoz, Campeão do Clima da ONU para a COP25, juntamente com reflexões do líder empresarial Oskar Metsavaht e de Sergio Coelho, Superintendente de Energias Limpas do Estado do Rio de Janeiro. Já o Presidente da Força-Tarefa Consultiva Ambiental da Casa Branca, Ed Russo, em mensagem enviada ao RCAW afirmou que apesar dos muitos problemas, as soluções são conhecidas.
“Sabemos que os impactos da poluição são o problema crítico em tudo isso. Temos que limpar a bagunça que causamos e interromper a poluição na fonte... É melhor construir uma cerca resistente ao redor de um penhasco do que uma ambulância no vale... Temos países que estão usando o oceano como depósito de lixo, temos que impedir isso... as coisas estão piores do que a maioria das pessoas imagina, mas as soluções para esses problemas também são muito animadoras. Sabemos onde estão os problemas, identificamos as soluções e certamente temos o dinheiro. O que falta é liderança, e é isso que estamos aqui para discutir hoje”, disse Russo.
A conferência realizou cinco painéis que trouxeram um panorama histórico do que começou com a Rio92, as evoluções e desafios até chegar a primeira edição brasileira da Climate Action Week, às vésperas da COP30, em Belém.
Carlos Nobre, cientista, vencedor do Prêmio Nobel e pesquisador do INPE, pediu atenção para o ponto de não retorno da Amazônia. “Se a gente não parar o desmatamento, a degradação e impedir que cheguemos a um aumento de temperatura de 2°, a Amazônia vai se auto degradar. E isso impacta todo o mundo”, alertou.
Lideranças indígenas como Telma Taurepang, da UMIAB, e Taily Terena, diretora do Instituto Memória e Ciência Indígena, também trouxeram a visão dos povos das florestas. “É importante ter intergeracionalidade, ouvir os mais velhos e eles nos ouvirem. Mas conversar com os mais velhos é algo pra todos nós, não só os povos indígenas”, defendo Taily.
A campeã da juventude da COP30, Marcele Oliveira, defendeu que a participação e engajamento de todos nas mesas de debates tem poder efetivo de ação. “A Rio92 gerou muitos avanços que foram liderados por movimentos sociais, que nasceram da ousadia de pensar que uma conferência que fala de clima tem que falar de gente”, afirmou.
Outro aspecto fundamental para essa jornada, o financiamento foi um dos temas muito defendido nos debates. “Não era tão comum em COPs, mas os Ministros das finanças têm participado mais desses eventos. Queremos botar as finanças no centro das soluções, não é para ser o gargalo”, comentou Tatiana Rosito, Embaixadora e Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.
Nesse sentido, Winston Fritch, Conselheiro Emérito do CEBRI e membro da presidência da COP30, ressaltou a importância do incentivo para fazer andar a agenda climática. “O que nós precisamos é criar um sistema em que não seja possível ir de carona, há uma tendência a jogar a responsabilidade para o outro e é por isso que precisamos de coordenação. A ONU tem 193 países hoje, imagina como é difícil fazer isso sem incentivo. O Fundo Tropical das Floretas (sigla em inglês TFFF) é o que está sendo apresentado pelo Brasil como modelo de incentivo, de financiamento climático, que já tem o apoio do Banco Mundial”, revelou.
Outra solução inovadora que foi apresentada no evento, foi a Earthshot Prize, que apesar de já conhecida, a iniciativa chega ao Brasil em 2025. “É um projeto que acelera e escalona as ações ambientais. Precisamos trazer soluções para a mesa. O prêmio escolher 15 soluções no mundo para receber apoio e consultoria. “A plataforma já recebeu 8 mil soluções do mundo todo, desde 2020, e mais de 500 são do Brasil”, ressaltou Felipe Vilela, representante do Earthshot Prize no Brasil.
A Rio Climate Action Week tem mais de 200 atividades até a próxima sexta-feira (29) em inúmeros hubs espalhados pela cidade do Rio de Janeiro. Na terça-feira (26), será realizado o fórum “Inovação financeira para as cidades”, que vai debater a estruturação de projetos para desenvolvimento urbano resiliente e sustentável, na sede do BNDES.
O evento contará com a presença do Enviado Especial da ONU para Financiamento do Desenvolvimento Sustentável, Dr. Mahmoud Mohieldin. O fórum vai reunir representantes de governos, empresas, investidores, bancos de desenvolvimento e a sociedade civil.
