Jourdan Amóra deixa legado histórico na comunicação do estado do Rio

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A cidade de Niterói e o jornalismo do Estado do Rio de Janeiro perderam neste domingo (19) uma de suas figuras mais emblemáticas: Jourdan Amóra faleceu aos 87 anos, após duas semanas de internação no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), vítima de falência múltipla dos órgãos.
O governador Cláudio Castro decretou luto de três dias no Estado do Rio pela morte de Jourdan Amóra, atendendo um pedido do deputado estadual Vitor Júnior (PDT). O velório do jornalista acontece nesta segunda-feira (20) no cemitério Parque da Colina em Pendotiba Niterói, das 12:45h às 14:45h.
Nascido em Araçuaí, no norte de Minas Gerais, e criado em Niterói, Jourdan construiu uma carreira que se entrelaça com a própria história da imprensa fluminense. Com ética, coragem e paixão pela notícia, ele se tornou um dos nomes mais respeitados da comunicação regional, deixando um legado que ultrapassa gerações.
Desde jovem, demonstrou vocação para a escrita. Estudante do Liceu Nilo Peçanha, fundou aos 14 anos o jornal Praia das Flechas, voltado à vida social do bairro. O projeto evoluiu para a Folha Juvenil, e foi nesse período que se envolveu com o movimento estudantil, presidindo a Federação dos Estudantes Secundários de Niterói (FESN) e editando o jornal da entidade.
Na década de 1950, contribuiu com veículos como A Palavra, Diário do Povo e Diário do Comércio, além de atuar nas sucursais fluminenses de grandes jornais como Última Hora, Diário Carioca e Jornal do Brasil. Sua cobertura do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em 1961, é lembrada como um marco de sensibilidade e precisão jornalística.
Em 1965, após ser desligado do Jornal do Brasil sob acusação de subversão, adquiriu o jornal A Tribuna, então o menor entre os sete diários de Niterói. Com visão empreendedora e compromisso com a liberdade de expressão, transformou o periódico em símbolo de independência editorial. Modernizou a estrutura, ampliou a tiragem e formou dezenas de profissionais da imprensa.
Em abril de 1972, após publicar denúncias contra o governo estadual, foi preso por agentes da DOPS dentro da redação. No dia seguinte, a capa do jornal estampava apenas a palavra “Libertas…”, tornando-se um ícone da resistência jornalística. No mesmo ano, lançou o Jornal de Icaraí, primeiro veículo gratuito distribuído porta a porta na cidade, inovando o modelo de imprensa local.
Jourdan também atuou nacionalmente como presidente da Associação Brasileira de Jornais do Interior (Abrajori), promovendo o fortalecimento da imprensa regional e defendendo o acesso democrático à informação.
Além do jornalismo, contribuiu com propostas urbanas que marcaram Niterói, como o alargamento da Avenida Marquês do Paraná, a criação de linhas de barcas para São Francisco e a oposição à fusão entre os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro. Para ele, comunicar era também transformar.
Foi casado por mais de cinco décadas com a professora Eva de Loures Amóra, historiadora e diretora do Jornal A Tribuna, que faleceu em setembro aos 84 anos. Juntos, compartilharam uma vida dedicada à cultura, à educação e à imprensa. Os filhos, Gustavo e Luis Jourdan, seguiram os passos dos pais e hoje continuam a escrever a história da família no jornalismo.
O Jornal Agito expressa sua solidariedade à família de Jourdan Amóra e aos colegas do Jornal A Tribuna, reconhecendo a importância de sua trajetória e o impacto duradouro de sua atuação na comunicação fluminense.