Trem-bala Rio–São Paulo: projeto que se arrasta há 35 anos tem início das obras remarcado para 2028

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Se o projeto avançar, as passagens devem ficar na faixa de R$ 300 a R$ 500, com diferentes níveis de serviço e tempo de viagem estimado em cerca de 1 hora e 45 minutos
O projeto do trem de alta velocidade (TAV) que pretende ligar Rio de Janeiro e São Paulo sofreu novo adiamento. O CEO da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo, informou que o início das obras, antes previsto para 2027, foi transferido para 2028. Apesar da mudança, a empresa mantém a previsão de início da operação comercial em 2032.
Segundo Figueiredo, o atraso está relacionado ao processo de licenciamento ambiental, que enfrenta sobrecarga no Ibama devido à prioridade dada aos projetos do PAC.
Enquanto isso, a companhia avança na engenharia de detalhe e nas etapas de licenciamento, com a meta de apresentar o empreendimento de forma estruturada a investidores até 2027.
O plano prevê cerca de R$ 60 bilhões em investimentos para a construção de 417 km de trilhos, com estações integradas ao metrô e aos trens urbanos nas duas capitais. A expectativa é reduzir o tempo de viagem para aproximadamente 1h45, com tarifas variando entre R$ 300 e R$ 500, dependendo do nível de serviço.
A proposta brasileira se diferencia de outros países por ser um modelo 100% privado. O BNDES deve atuar como agente financeiro, mas sem aporte direto de recursos públicos. O governo, segundo Figueiredo, terá papel de apoio institucional, especialmente no licenciamento e na articulação com estados e municípios.
A TAV Brasil está estruturando um consórcio com empresas europeias e chinesas para execução e operação da linha. O CEO destaca que o investimento será feito por grupos privados compatíveis com a dimensão e complexidade da obra.
A ideia de um trem-bala entre Rio e São Paulo circula há mais de 20 anos em Brasília, mas nunca saiu do papel devido ao alto custo e às dificuldades de financiamento. O projeto já passou por órgãos como a RFFSA e a EPL, sem avanços concretos.
Para Figueiredo, o ambiente político atual é mais favorável. Ele afirma que sempre houve consenso sobre a importância da iniciativa, mas faltava amadurecimento institucional. O governo Lula apoia a expansão da infraestrutura ferroviária, mas sem participação direta em megaprojetos privados, atuando apenas como facilitador em questões regulatórias.
As passagens devem custar entre R$ 300 e R$ 500, com opções voltadas tanto para quem hoje viaja de ônibus quanto para quem utiliza o transporte aéreo. O traçado prevê integração com metrôs e trens urbanos em São Paulo e no Rio, evitando que as estações funcionem como terminais isolados.
Nos próximos dois anos, a prioridade será concluir o licenciamento ambiental e finalizar a engenharia executiva. Segundo Figueiredo, já houve avanços nas conversas com o Ibama e com prefeituras ao longo do trajeto, especialmente na definição da localização das estações.
“A meta é que, daqui a dois anos, o projeto esteja pronto para ser apresentado de forma objetiva a investidores”, resume o executivo.

















